sobre meu mestre,
Alguém aqui, além de mim, já leu Saramago, interrogação. Se a resposta de alguém for sim então esse alguém entende o motivo de meus textos se recusarem a ter mais que vírgulas e pontos, mais, entende as razões que me levam a personificar, animar, coisas. Onde já se viu um texto se recusar. Pensando dentro dum ônibus nesses dias eu lembrei os motivos de ter começado a ler Saramago. Há algum tempo, eu estava lendo a sessões de cartas de uma revista semanal e texto vai, texto vem, às vezes, recusavam-se, na última carta um carinha que estudava em Havard escreveu algo que terminava com uma citação de Saramago, a citação era sobre culpa, sobre as culpas que alguém possuia e sobre aquelas que esse mesmo alguém não possuia. Era algo como, de todas as outras sim, mas desta não. Quem já, por uma feliz casualidade, leu Saramago sabe que citações mil podem ser tiradas de seus livros, basta conferir algumas que eu deixei por aqui. Depois de muito tempo, e até hoje, esqueci a exatidão da frase, então procurei nas revistas que tenho aqui em casa, a revista da frase é minha, e não encontrei a frase. Dei-me por satisfeito, perguntariam vocês se estivessem interessados, claro que não, respondo eu fingindo o interesse de vocês. Fiz diferente, resolvi ler todos os livros, tudo o que ele, Saramago, que fique claro, escreveu para achar essa frase. Nem lembro dela. Só sei que era sobre culpa. Onze livros depois ainda procuro. Pergunto-me agora sobre a importância da frase, sei que ficarei muito feliz quando encontrá-la, mas nessa história foi por procurar algo que encontrei um caminho e um companheiro de percurso, ainda é Saramago, e como todo mundo sabe, e quem não sabe, deveria saber, o caminho e a companhia são sempre mais importantes que o destino. E pensando agora, o valor do destino provém dos caminhos que são percorridos para lá chegar. Acho que já escrevi sobre isso.
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