segunda-feira, 31 de março de 2008

sobre o que estava esquecido e voltou à luz,
O texto que se seguirá é o motivo desse blog existir, o blog foi criado com o intuito de veiculá-lo. O blog é meu exercício de escrita e é estranho que um tema como o que seguirá nunca tenha aparecido aqui, é uma volta às raízes, antes de eu ler Saramago, eu uso até interrogação no texto e ele é longo.
O texto começa depois do eu escrever está valendo. Está valendo.
Andei preocupado, por dias pensei em livrar-me de meu celular e ir-me embora para Parságada. Ir para Parságada não era realmente o problema, mas abandonar meu celular... Sou do tipo que se apega a objetos inanimados, por vezes os objetos ganham até nomes próprios.
O que me preocupa? Bem, como eu poderia ter um celular e ser socialista ao mesmo tempo?
Calma, eu sei, falei uma palavra proibida, na verdade escrevi, mas nós não precisamos nos ater a esses detalhes. Imagino que o tesão do leitor se perdeu depois de ler "socialista". Isso é um problema, eu escrevo pra ser lido e se você não pretende ler, então, como diria Burrhus, as contigências para a minha instância se foram, paro de escrever.
Uhm...
Não quero parar de escrever e muito menos que você pare de ler, por isso tenho um acordo a te propor: Vou escrever todas as palavras broxantes que aparecerão no nosso diálogo e depois escreverei palavras anti-broxação para compensar. Tudo bem? O silêncio será tomado como sim... Temos um acordo.
Lá vai: Socialismo, capitalismo, comunista, socialista, ética, política, moral, moralidade...
Doeu? Não se preocupe, renove seu tesão: Angelina Jolie, panettone, sorvete, chocolate, Reinaldo Gianechine...
Feito, animo preparado, voltemos ao meu problema. Eu acho um absurdo que bilhões de pessoas passem fome desnecessariamente, que pessoas sejam colocadas em posições sociais em que a possibilidade de cometerem um crime é enormemente aumentada, penso que a mortalidade infantil não é, em sua maior parte, devida à má administração. Sim, é isso que eu quero dizer, preparem seus cérebros, nervos ópticos e pupilas; a culpa é da sociedade, a culpa é do capitalismo. Tudo bem, culpa é um pouco de mais; responsabilidade então. E sim é a velha ladainha: capitalismo, blá blá blá. eu adoraria entoar ladainhas novas: Angelina Jolie SSSSSS¹. Mas não posso fazer nada, miséria e fome mundial continuam sendo mais importante do que sexo, mesmo que seja com Angelina Jolie (SSSSSSSS).
Eu deveria sustentar o que digo sobre o capitalismo teórica e empiricamente, no entanto, essa discussão perde o sentido quando me acusam de ter um celular. Acusação totalmente verdadeira. como eu posso acusar o capitalismo e usufruir de seus bens? Eu sou um cúmplice!!! a idéia de cúmplice é composta de duas outras idéias: (a)aquele que ajuda (b) voluntariamente. Chamei-me de cúmplice e eu entendo isso e é isso que me pertuba.
Colocado como réu, recorro à sociedade, aquela que mesmo que me constiua está para além de mim. Vamos depois dessa idéia, ao extremo da possibilidade hipotética: Vou-me embora Pra Parságada, mesmo que monarquia e socialismo não combinem. Assim eu estaria sendo mais ético. Em Parságada eu não teria laços sociais com a a sociedade capitalista. O problema estaria resolvido? Rufem os tambores, a resposta é: sim e não. Olhem a beleza de uma verdade absoluta e relativa (ao mesmo tempo). É verdade que para quem o problema está em eu xingar o capitalismo enquanto tenho celular nada melhor do que eu me exile numa terra em que eu seja amigo do rei e não tenha vínculos com o capitalismo. Por outro lado, para mim que tenho problemas maiores com a situação mundial, exílio é uma boa forma de não fazer nada e ser conivente, é uma solução individual. Se acham que o problema é me salvar, lembrem-se de que não preciso ser salvo, meu celular é um bom indicativo disso. (Mas não recuso doações).
Fiz muitas concessões durante o texto, elaborei por minha conta um lugar ideal onde me exilar, o exílio foi apenas meu, dei independência ao lugar, dentre outras coisas. Essas concessões não devem ser feitas numa boa discussão. Mas isso é apenas um exercício de escrita.
Agora poderei dormir em minha cama vermelha, feita por foices e martelos, com o meu celular para me acordar.
1-você deve, puxar o ar entre os dentes semi-cerrados pra produzir o som que eu desejo expressar
O texto termina assim, o bom de se digitar seis meses depois é que há a possibilidade de se ver onde errou, onde não se foi claro. Não vejo erro, apenas muitas lacunas obscuras, um dia, em posts posteriores elas serão clareadas e muitas desenvolvidas. Eu escrevo melhor hoje.

2 comentários:

Anônimo disse...

Se isso puder servir também para te confortar, além de ser só um comentário...

Aparecerão identificações mil com esse texto ^^

Marcus disse...

Carissimo,
Acho nobre a preocupação de esquecer o celular (eu fui assaltado, e por desleixo e um pingo de vontade de não mais ser incomodado a qualquer momento, ainda não providenciei outro) porém a cada dia que passa fica mais difícl de se livrar desse "mal" capitalistico.
Ao passo que, imagine-se sem a possibilidade de ter o usofruto da internet e todas as informações que ela lhe possibilita, imagine-se proibido de expor idéias em algo como esse blog. Eu acredito que o socialismo já se dá como utópico. Ele é cada dia mais esquecido. E temo que os nossos netos nem estudarão o que foi essa passagem do séc XIX.
Então meu nobre colega, penso que a preocupação com Pasárgada é deveras muito eficaz. Já que lá eu sou amigo do rei e lá eu terei as mulheres que quiser. Angelina Jolie que se cuide!

abs