terça-feira, 18 de junho de 2013

sobre ruas,
Talvez minhas palavras sejam vistas como as de um corno manso, mas, é isso: o PT 'tá fazendo falta nisso tudo.
Quando você tira um tempo para conversar com petistas sobre os rumos de seus governos, invariavelmente a conversa chega ao termo "governabilidade", o que também invariavelmente traz um constrangimento comedido dos petistas, como se dissessem "Não é bonito, não é legal, mas a gente tem que fazer esses acordos estranhos e nem sempre éticos". Não há dúvidas de que essa "governabilidade" se faz necessária na atual configuração institucional (sua amplitude é que se pode questionar)...
Mas aí surge um elemento capaz de sobrepujar todo esse jogo institucional e forçar as mudanças que devem ser forçadas sem precisar passar pela medonha "governabilidade".
Esperava-se então que o PT fosse em peso às ruas faminto e sedento pelas mudanças que prometeu e se dizia impossibilitado de realizar por causa da dita cuja.
O que realmente aconteceu: uma menor parte do PT (destaque para a JPT) estava lá, enquanto a maior parte confabula o que é o movimento, para onde vai, de onde veio, se será cooptado por X ou por Y, se anda bonito ou elegante.
É uma pena que haja espaço para essa pergunta: o problema era mesmo a "governabilidade"?

sábado, 24 de novembro de 2012

sobre os dias do ano,
aí é dia da consciêncie negra,  um dia só, no mês de novembro. aí a gente abre a página de rede social e descobre que algumas pessoas estão desconfortáveis com o dia; gera preconceito, dizem elas, esse dia faz com que a gente divida as pessoas como negras e brancas. é um dia preconceituoso. cadê o dia da consciência branca. (batman responde). vê, é só um dia cuja proposta é que as pessoas, principalmente as negras, reflitam sobre a situação dos negros na sociedade. vê, é um dia para pensar nos outos trezentos e sesenta e quatro. quer dizer, é verdade que o principio desse dia seja pensar aa diferença entre brancos e negros, no entanto, é absurdo imaginar que esse pensamento seja a causa do proconceito racial, ou que esse pensamento seja ele mesmo preconceito. e os outros dias? E o dia em que um grupo de jovens negros anda em nossa direção e a gente acha suspeito? E o dia em que cabelos crespos são cabelos ruins? E o dia em que oferecem para o negro mais próximo as chaves do carros para ser estacionado? E o dia em que você conta nos dedos a quatidade de negros na sua classe ou na boate? E o dia em que uma pessoa negra precisa esbraquiçar-se para se ajeitar nos padrões de beleza? E o dia que outro jovem negro comemora por ter passado dos vinte e cinco anos? Há tantos dias lá fora! mas você tem problema justo com o dia em que se tira pra pensar sobre tudo isso? 
Se os outros trezentos e sessenta e quatro fossem legais, as pessoas negras não precisariam de um pra pensar sobre eles. já pensaram nisso?
Ah, foda-se Morgan Freeman.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

sobre socialistas, 


Há esse não tão publicamente corriqueiro senso comum, talvez nem seja um senso comum, mas é alguma coisa. Essa coisa afirma que essas três classes sociais, a baixa, a média e a alta, têm valores que são seus de tal modo que a definem em grande medida. Muita generalização? Talvez. Mesmo assim me parece que esse senso comum nos permite algo, continuemos com ele, então. À classe baixa ele reserva a honestidade e o apego à moral, esse seria seu maior valor, "pobre honesto" e coisa e tal. À classes alta, o dinheiro; daí sua altitude. À média resta a inteligência. Agora ao título: para uma pessoa das classes baixas ser socialista, ela teria de abrir mão de uma quantidade significativa de valores fundamentais ao machismo, por exemplo. Para uma pessoa da classe alta ser socialista, ela teria de abrir mão de valores que sustentam a aparente naturalidade de sua riqueza. O vô Plínio, por exemplo, parece estar disposto a isso. Mas do que uma pessoa da classe média teria de abrir mão, para ser socialista? Uhmn... Uhmn... Seria bom começar pela idéia de inteligência. Mas já é pedir demais, vamos começar pequeno. Repensar a cagação de regra gramatical! Pensar que não existe, a rigor, falar errado, como também não existe escrever errado. Sei que é difícil para gente que acreditar que uma vírgula bem posta lhe faz melhor que uma grande parte do mundo. Mas não dá pra lutar pro igualdade em tudo em vários fronts menos naquele que te atribui uma imagem de superioridade, né? 

sábado, 18 de agosto de 2012

sobre Dina Goldstein,

Ela é uma fotógrafa que recebeu visibilidade por seu trabalho Fallen Princess que trata de uma visão realista das princesas de contos de fada inseridas em nosso mundo. No seu mais recente trabalho, ela mira suas lentes para o mundo - com seu próprio encanto - da Barbie. O mesmo arcenal realista é usado contra a boneca loira. Aqui, dá uma olhada http://dinagoldstein.com/in-the-dollhouse/ Zizek, o filósofo performático e popstar, conta que há uma lei na China que proibe a vinculação por mídias de história que tratem de um outro mundo. Segundo ele, a idéia é óbvia, o partido chinês quer expulsar da imaginação chinesa a possibilidade de outros mundos; ele continua para completar que do lado de cá - observar as devidas aspas nessa expressão - tal lei não é necessária: ninguém realmente acredita em outros mundos possíveis. Há esse cinismo auto-infligido, que prestidigita as angústia do que vê sob camadas de humor e esperança limitada, uma disposição tácita, natural como um braço, mas muito mais firmemente enraizada, a negar possibilidades desse escopo. Talvez por isso o trabalho de Goldstein faça sentir tamanha adequação e desapontamento ao mesmo tempo. Nega e afirma. Dá um passo além daquilo exposto por Zizek, a saber, esse cinismo tem de ser cultivado, reproduzido, regado, dia após dia. Não importa se a fantasia é sobre um cenário conservador - princesas, principes e casamento interétnicos heterossexuais -, só a realidade, aquela que só o cínico casca dura suporta, é verdade, e essa realidade não é boa com ninguém. O indigena aparece, aqui, não como uma negação desse metabolismo, mas como um metabolismo diferente, que por sua própria existência desafia a existência da realidade cínica que é baseada na necessidade de ser única para ser suportável. O índio, a ficcção científica, qualquer possibilidade diversa deve ser metabolizada para inserir-se nas possibilidades possíveis, possível segundo o unificador. Não se trata, por isso, de diversidade, mas de alguma diversidade impossível. É uma questão de restaurar, a depeito dos risos cínicos, a exequibilidade do impossível. Restaurar, por fim, a imaginação política.
Tantas palavras para saudar utopia.

terça-feira, 7 de agosto de 2012


sobre aniversários, 
Sabem quando o primeiro DSM foi publicado? É, nem eu. Não é tão recente, contudo; talvez umas quatro décadas. Admirável Mundo Novo, por outro lado, foi publicado há 80 anos. Faz muito tempo somos rondados pelo fantasma do soma. O automóvel é muito velho também, a bicicleta talvez um pouco mais. E talvez eu esteja apenas delirando, mas a velocidade os une hoje; a velocidade une esses vários tempos num agora.
Pedale-se pelas ruas de sua cidade, troque o carro pela bicicleta aí a cidade muda. Um motorista só pode sentir sua cidade, o lugar onde vive e ao qual pertence, como múltiplos pontos ligados por intervalos de tempo. As rodas giram sobre algo que está inacessível ao motorista - exceto na qualidade de sacolejos-; a cidade para o motorista é um mistério que ele não quer e nem pode resolver. Vultos e pontos. O automóvel rasga a cidade não para expô-la, mas para ocultá-la. Motoristas não sabem onde vivem, motoristas pertencem a pontos disjuntos. Motoristas só conhecem o espaço que os circunda através o tempo. O ciclista verte suor no espaço por onde passa, ele põe esforço em cada giro de rodas. Suas rodas não o separam do espaço, elas os unem justamente por de seu giro o ciclista ser condição necessária e o próprio limite do corpo do ciclista não permitir borrões, não permitir pontos. Para o ciclista que trabalhou cada metro que percorreu – e por isso experienciou e experimentou cada centímetro – a cidade é um espaço per si, o tempo é figurante, o plano de fundo para a relação. A cidade é da bicicleta dum jeito que o carro nunca a quis.
Sacaram a metáfora com o soma? Sacaram que o soma é uma metáfora para as drogas farmacológicas que curam transtornos mentais velozmente? Se não sacaram tudo bem, acabei de explicar mesmo...
Seria interessante saber de onde vem esse imperativo de velocidade, mas noutro texto talvez.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sobre cracolândia,

Não é sobre o crack. A questão não é o crack. A questão não é o tráfico. Acredito que esses são os pontos que se deve ter em mente quando se começa a discutir sobre essa região no centro de São Paulo.

Não quero dizer que os malefícios do uso do crack não devam ser cuidados, ao contrário, deve-se com muito afinco informar á população sobre o que é essa droga e quais seus possíveis efeitos no corpo. O que não se deve fazer de modo algum é olhar para todo um cenário de degradação social e dizer: “Foi o crack”.

O preconceito em relação ao tema é ainda tão grande, mesmo entre os que se pensam esclarecidos, que para todos a situação é plenamente explicada por essa palavrinha: droga.

- Por que é morador de rua? Droga

- Por que é desempregado? Droga

- Por que não tem contato com a família? Droga

O puritanismo em nossos corações parece nos impedir de duvidar de nossa resposta fácil.

Série de reportagens chamadas “A Vida na Rua” feita para a tevê Record pela jornalista Ana Paula Padrão sobre a questão dos moradores de rua. link:

http://www.youtube.com/watch?v=f8NwTPbBy18

Nessa série o que mais se ouve e vê é o contrário do que clama o senso comum: Perdeu o emprego e então passou a usar drogas. Perdeu a família aí passou a usar drogas. Perdeu a casa, foi morar na rua, aí passou a usar drogas. A droga não aparece como catalisador da desestruturação social. Para essas pessoas as drogas aparecem muito mais como um amortecedor para a situação em que se encontram.

O preconceito é tão ativo que nos impede de realmente nos importar com o drogadito morador de rua. Ninguém lhe pergunta qual sua escolaridade, ninguém lhe pergunta qual foi seu último emprego fixo, ninguém lhe pergunta quem no mundo ainda o ama, ninguém lhe pergunta qual foi a última vez que ele teve um teto duma casa sobre a cabeça, ninguém nem ao menos lhe pergunta qual sua expectativa para o dia de amanhã. Olhamos para ele e com toda boa fé no peito dizemos que o problema é o crack.

Talvez, só talvez, culpemos o crack porque sendo ele o culpado nos livramos um pouco da responsabilidade que é também um tanto nossa.

sábado, 3 de dezembro de 2011

sobre o que se tem,

eu tenho amigos descartáveis. é algo estranho de se pensar e um tanto canalha de se dizer, mas quando uma pessoa entra em minha vida eu aprendi a predizer quando ela sairá, é uma excelente habilidade para se ter, ou melhor, para não se ter. Eu não sei manter amigos, só uns poucos ficaram com o passar do tempo e a maioria só chamo de amigo por força do hábito e por causa daquele constragimento em chamar de colega (ou qualquer nome que equivalha) alguém que já foi chamado de amigo. Eu não me importo com essa minha falta de hablidade, justamente por causa daqueles poucos que resistiram os tão temido e propalado teste do tempo. Sabe-se que os gregos usavam duas palavras para amor, para diferenciar seus tipos; talvez os gregos estivessem errados em tratá-los com tanta distância, eles são mais similares do que parecem: ambos precisam manter o interesse. Talvez, e meus ex-amigos devem concordar comigo, nós nos tornamos desinteressantes uns para os outros, quando nos olhamos respeitamso o passado mas não sentimos futuro. Eu preciso de uam pavra para isso, para chamar uma pessoa que foi minha amiga, cuja amizade eu respeitei, mas que agora já não me interessa. Algo que eu não tenho.