domingo, 19 de dezembro de 2010

sobre ficção,

não há muito tempo comecei a morar sozinho. custa caro, bem mais do que eu imaginava, e também dá muito mais trabalho. só chego em casa às 8 da noite e sempre muito cansado, mas uma noite em especial me atormenta: a noite das compras,;eu não fazia isso quando morava com meus pais. então estou eu lá, no supermercado, fazendo minhas compras, passando no caixa, procurando um táxi - deixei a moto em casa, não ajudaria muito com todo esse peso extra. pode imaginar que não haviam muitos carros disponíveis numa quinta-feira depois das 10 da noite. mas achei um, estava quase nele quando veio essa mulher, acho que com uns 1 e 57 de altura, segurando duas mochilas, uma em cada mão, cabelos cacheados, pretos, resumindo, belíssima. ela olhou para mim com o olhar mais indecente que poderia lançar àquela hora da noite, aquele olhar dizia tudo: quero seu táxi. não sou do tipo cavalheiro, mas, de novo, ela era linda. ofereci o táxi com o maior peso do mundo sobre o peito. para minha surpresa, ela perguntou se eu não queria dividir a viagem. era o unico táxi que eu tinha ma área, então é claro que aceitei. não sei direito o que houve, mas quando dei por mim estávamos no elevador do meu prédio dando os amassos mais estranhos, sem as mãos, cada um segurando suas compras e fazendo todo o trabalho com as pernas e a boca, dentro do apartamento, dentro do quarto, na cama. trabalho realizado, cada um cai de seu lado, antes de cair no sono, olho pra ela e digo:
- não tire meus orgãos
- ela: como é?
-Você sabe, um cara dorme com uma mulher que nunca viu e acaba sem algum orgão na manhã seguinte.
rimos, ela foi tomar um banho.
na manhã seguinte, eu sinto um frio aterrorizante por todo o corpo, meu corpo doía horrivelmente, mal conseguia mover algum músculo, quando consegui ter alguma noção de onde estava, percebi que meu corpo todo estava mergulhado na banheira cheia de gelo em minha casa, consegui sair da banheira, caído no chão me arrastei até cesto de roupas sujas, peguei umas toalhas, cobri meu corpo com quantas pude, descansei e busquei um telefone.
já na cozinha pego o telefone e chamo uma ambulância, eu só podia pensar "isso não está acontecendo, não está acontecendo...". caído, encostado na geladeira, vejo no reflexo do vidro do forno do fogão, traços pretos, corro pro banheiro com o corpo um pouco mais quente, diante do espelho vi o que eram os traços pretos, escrito na pele ilesa da minha barriga: "SÓ PQ VC PEDIU COM JEITINHO".

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