sábado, 18 de agosto de 2012

sobre Dina Goldstein,

Ela é uma fotógrafa que recebeu visibilidade por seu trabalho Fallen Princess que trata de uma visão realista das princesas de contos de fada inseridas em nosso mundo. No seu mais recente trabalho, ela mira suas lentes para o mundo - com seu próprio encanto - da Barbie. O mesmo arcenal realista é usado contra a boneca loira. Aqui, dá uma olhada http://dinagoldstein.com/in-the-dollhouse/ Zizek, o filósofo performático e popstar, conta que há uma lei na China que proibe a vinculação por mídias de história que tratem de um outro mundo. Segundo ele, a idéia é óbvia, o partido chinês quer expulsar da imaginação chinesa a possibilidade de outros mundos; ele continua para completar que do lado de cá - observar as devidas aspas nessa expressão - tal lei não é necessária: ninguém realmente acredita em outros mundos possíveis. Há esse cinismo auto-infligido, que prestidigita as angústia do que vê sob camadas de humor e esperança limitada, uma disposição tácita, natural como um braço, mas muito mais firmemente enraizada, a negar possibilidades desse escopo. Talvez por isso o trabalho de Goldstein faça sentir tamanha adequação e desapontamento ao mesmo tempo. Nega e afirma. Dá um passo além daquilo exposto por Zizek, a saber, esse cinismo tem de ser cultivado, reproduzido, regado, dia após dia. Não importa se a fantasia é sobre um cenário conservador - princesas, principes e casamento interétnicos heterossexuais -, só a realidade, aquela que só o cínico casca dura suporta, é verdade, e essa realidade não é boa com ninguém. O indigena aparece, aqui, não como uma negação desse metabolismo, mas como um metabolismo diferente, que por sua própria existência desafia a existência da realidade cínica que é baseada na necessidade de ser única para ser suportável. O índio, a ficcção científica, qualquer possibilidade diversa deve ser metabolizada para inserir-se nas possibilidades possíveis, possível segundo o unificador. Não se trata, por isso, de diversidade, mas de alguma diversidade impossível. É uma questão de restaurar, a depeito dos risos cínicos, a exequibilidade do impossível. Restaurar, por fim, a imaginação política.
Tantas palavras para saudar utopia.

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