Sobre cracolândia,
Não é sobre o crack. A questão não é o crack. A questão não é o tráfico. Acredito que esses são os pontos que se deve ter em mente quando se começa a discutir sobre essa região no centro de São Paulo.
Não quero dizer que os malefícios do uso do crack não devam ser cuidados, ao contrário, deve-se com muito afinco informar á população sobre o que é essa droga e quais seus possíveis efeitos no corpo. O que não se deve fazer de modo algum é olhar para todo um cenário de degradação social e dizer: “Foi o crack”.
O preconceito em relação ao tema é ainda tão grande, mesmo entre os que se pensam esclarecidos, que para todos a situação é plenamente explicada por essa palavrinha: droga.
- Por que é morador de rua? Droga
- Por que é desempregado? Droga
- Por que não tem contato com a família? Droga
O puritanismo em nossos corações parece nos impedir de duvidar de nossa resposta fácil.
Série de reportagens chamadas “A Vida na Rua” feita para a tevê Record pela jornalista Ana Paula Padrão sobre a questão dos moradores de rua. link:
http://www.youtube.com/watch?v=f8NwTPbBy18
Nessa série o que mais se ouve e vê é o contrário do que clama o senso comum: Perdeu o emprego e então passou a usar drogas. Perdeu a família aí passou a usar drogas. Perdeu a casa, foi morar na rua, aí passou a usar drogas. A droga não aparece como catalisador da desestruturação social. Para essas pessoas as drogas aparecem muito mais como um amortecedor para a situação em que se encontram.
O preconceito é tão ativo que nos impede de realmente nos importar com o drogadito morador de rua. Ninguém lhe pergunta qual sua escolaridade, ninguém lhe pergunta qual foi seu último emprego fixo, ninguém lhe pergunta quem no mundo ainda o ama, ninguém lhe pergunta qual foi a última vez que ele teve um teto duma casa sobre a cabeça, ninguém nem ao menos lhe pergunta qual sua expectativa para o dia de amanhã. Olhamos para ele e com toda boa fé no peito dizemos que o problema é o crack.
Talvez, só talvez, culpemos o crack porque sendo ele o culpado nos livramos um pouco da responsabilidade que é também um tanto nossa.
Um comentário:
Oi Waldez, muito boa a abordagem dessa faceta do usuário. Texto feito para refletir. Xeros
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